Todo dia 5 de fevereiro, numa homenagem à santa de quem sua avó Ágata herdou o nome, a pequena Agatina ajuda a preparar saborosas cassatinhas, um doce típico da Sicília que possui a forma de um seio.
A receita, transmitida de mãe para filha ao longo de décadas, evoca a beleza e a fragilidade dos seios e das mulheres, protagonistas desta história que se estende por várias gerações de duas famílias em meio a marcantes acontecimentos na Sicília e no mundo.
Mulheres tímidas, mesquinhas, fogosas, marcadas pelo confronto com os homens que ditavam as cartas da sala à cozinha, passando pela cama. "Você deve saber que os homens, se você não sente prazer quando te tocam, se acham machos só pela metade, mas azar o seu se sentimos prazer, porque aí te colocam no meio das putas", aconselha a avó.
Entre histórias, provérbios e conselhos que Ágata deixa de herança para a neta, juntamente com a receita do doce, surge o ponto de partida para um século de histórias de mulheres para quem o simbolismo dos seios tem um significado especial. A receita remete à história de Santa Ágata de Catânia (no português Águeda), tida como a protetora dos seios e das mulheres. Beatificada por seu martírio, a jovem do século III teve as mamas arrancadas a mando do cruel cônsul Quinziano, rejeitado por ela.
No entanto, uma vez adulta, Agatina se esquece de levar consigo a preciosa receita e as recomendações da avó, o que traz grandes dificuldades para a sua vida amorosa. Ironicamente, sofre ainda com um câncer de mama, tema abordado pela autora, que é ginecologista, de maneira delicada.
Traduzindo o olhar de uma menina que descobre o mundo, de uma jovem à procura do amor ou de uma velha senhora com muitos anos bem-vividos, Mamas Sicilianas é um relato feminino narrado com a delicadeza e a ironia de um diário íntimo.
Mamas Sicilianas
- Autor: TORREGROSSA, Giuseppina; RABETTI, Beti (Tradutora).
Editora: Suma de Letras
ISBN: 978-85-60280-84-1
Ano: 2012
Páginas: 256